Por Bruno Castro – Engenheiro Mecânico e Ex-capitão/fundador da LUFFT
Qual foi sua reação quando soube que, em pleno Século XXI, existem pessoas que acreditam que a Terra é plana? Provavelmente muitos devem ter negado que isso fosse possível, e, em um segundo momento, podem até ter achado graça da situação. E se eu disser que a negação da ciência pode ser algo extremamente perigoso?
Entretanto, para falar da negação da ciência – ou da propagação da desinformação trajada de pseudociência –, precisamos primeiro definir como a ciência funciona.
O que é, afinal de contas, a ciência como conhecemos?
A ciência funciona por meio do método científico. Trata-se de uma série de etapas que precisam ser cumpridas para que uma hipótese seja provada (e virar teoria).
Funciona da seguinte forma:
Agora que expliquei como funciona a ciência, posso me debruçar sobre a pseudociência funciona. E explicarei por que ela consegue enganar muita gente por aí.
Mas, antes, vamos esclarecer uma coisa: diferentemente do que se entende pelo senso comum, uma teoria não é apenas uma opinião.
Uma teoria é uma hipótese que passou ilesa por vários testes. Portanto, sob as condições em que foi estudada, demonstra ser verdadeira, uma explicação coerente para um fenômeno ou conjunto de fenômenos.
A pseudociência, por outro lado, faz o caminho inverso.
Por isso que muitas desinformações parecem ser verdadeiras. As informações, de fato, são verdadeiras em pequenos pontos, mas o pseudocientista omite aqueles pontos que falharam.
Por exemplo, um dia frio pode ser uma constatação utilizada por alguém para impor a conclusão de que o aquecimento global fosse inexistente. Pseudocientistas adoram pegar casos isolados!
Por outro lado, hoje em dia sabe-se que existem inúmeros estudos demonstrando estatisticamente o aumento da temperatura média do planeta com o passar dos anos. Vários testes foram realizados para se chegar a esta conclusão.
Utilizando esses argumentos, os terraplanistas, por exemplo, conseguem convencer as pessoas desinformadas: apresentando testes que são positivos (como mostrar que a olho nu o horizonte aparenta ser plano), mas ignorando (ou melhor, inventando suposições mirabolantes) para o dia e noite, estações do ano, eclipses, e uma série de outros fenômenos.
“Ok, mas você disse que isso poderia ser muito perigoso. O que tem de perigoso nisso?”
Esse grupo de pessoas nega veementemente o uso de vacinas, muitas vezes alegando que elas poderiam causar mal, em vez de imunizar contra alguma doença.
Segundo a Forbes, a OMS declarou recentemente que os antivax estão no top 10 de maiores ameaças a saúde mundial, em conjunto com problemas já conhecidos como: Poluição do ar, mudanças climáticas, influenza, Ebola, etc.
Este movimento vem crescido bastante nos últimos tempos, e já podemos ver hoje em dia o quanto isso pode ser prejudicial. De acordo com o Ministério da Saúde, no terceiro trimestre de 2019, foram confirmados 2.753 casos de sarampo em 13 estados brasileiros.
O Brasil não tinha um caso de sarampo há anos. Isso poderia ser facilmente evitado com a vacinação da população.
Além disso, outra notícia ainda mais alarmante e mais recente foi a confirmação da primeira morte por sarampo no Rio de Janeiro em vinte anos. A vítima foi um bebê de apenas 8 meses.
Perceba que essa correlação, mesmo não sendo a única possível causa, colabora (e muito) para que doenças tão perigosas quanto o sarampo, ou até mais, possam se espalhar muito mais facilmente em uma sociedade que nega vacinação. Logo, não é por menos a declaração da ONU sobre os antivax.
Caro leitor, a única forma de combater a desinformação, é levar a INFORMAÇÃO.
A informação liberta, a ciência liberta. Quando você se deparar, por exemplo, com um terraplanista, um antivax ou um criacionista, explique o método científico.
Com muito diálogo, mostre como essas pseudociências são frágeis, uma vez que simples experimentos são capazes de destruir suas hipóteses fundamentais.